Agora, vamos falar sobre as características do consumo na modernidade, são aspectos do consumo que todo mundo, inconscientemente conhece, porém, muitos nunca pararam para pensar no assunto. Preparados? Dessa vez o post é grande, mas não deixa de ser interessante 😉
A cultura do consumo é cultura de consumo
A cultura do consumo não é mais uma cultura isolada, agora, no mundo moderno, ela engloba também todas as práticas sociais e valores culturais, pois estes são orientados pelo consumo. As pessoas estão mais preocupadas em “ter” do que “ser”, pois seus status e vida social, depende do que elas possuem.
Agora também, consumir não é apenas sinônimo de trocar dinheiro por uma mercadoria, o consumo está em todo lugar, como no patrão que consome a mão-de-obra do empregado, o ar e o alimento são consumidos pelo nosso corpo, assim como o consumo de conhecimento, ao assistirmos uma aula ou lermos um livro. Sendo assim, o consumo gira em torno de todas as outras culturas.
A cultura do consumo é a cultura de uma sociedade de mercado
Nessa característica da cultura do consumo, podemos ver que tudo que consumimos (produtos e serviços), foram feitos para serem consumidos, por isso vivemos numa sociedade de mercado, onde o trabalhador vende sua força de trabalho para produzir um produto A, para ganhar seu salário e comprar um produto B, enquanto o trabalhador que produz o produto B, vende a sua para comprar o A, tudo gira em torno do mercado.
A cultura do consumo é, em princípio, universal e impessoal
É impessoal porque o cliente é um público genérico e anônimo, ou seja, quem produz, não conhece pessoalmente quem será o consumidor final do seu trabalho. O impessoal é personalizado de forma geral, a produção cria vários modelos do mesmo produto, mas cria milhões de cada modelo, cada cliente escolhe o modelo que mais se parece consigo e sente que o produto foi personalizado para si, quando na verdade, muitas outras pessoas também o sente.
É universal porque a única restrição para consumir é ter dinheiro, qualquer pessoa pode comprar e qualquer coisa pode ser vendida, não há restrição além do dinheiro, diferente do regime antigo quando o poder de compra era dado pelo sangue, e não pela quantidade de recursos financeiros possuídos.
As necessidades do consumidor são, em princípio, ilimitadas e insaciáveis
Em outras culturas, o desejo de consumir é considerado patologia social moral (pecado, corrupção, decadência), mas na cultura do consumo, ele é necessário para o progresso sócio-econômico.
As necessidades do consumidor são ilimitadas pois realmente não há limite para o que precisam ou julgam precisar, não há limite do que podem ou não comprar, exceto é claro, pelos seus recursos financeiros, e são insaciáveis pois há sempre uma novidade, todo dia surge uma nova necessidade, e consequentemente, algo que a supra e desperte o desejo do consumidor.
A cultura do consumo identifica liberdade com a escolha privada e a vida privada
Ser um consumidor é fazer escolhas: decidir o que você quer, pensar na maneira de gastar o dinheiro para obtê-lo. É uma imagem extremamente sedutora de liberdade. O consumo é privado, pois não tem interesse público nem interferência do governo, um grupo ou indivíduo pode consumir independente da opinião pública.
Porém, quando se tem essa liberdade, o consumo se torna egoísta, as pessoas consomem sem o pensamento coletivo, como por exemplo o consumo excessivo de água, ou qualquer outro recurso natural que prejudica toda a sociedade. As pessoas trocam o poder e a liberdade no trabalho ou na arena política por mero contentamento privado.
A cultura do consumo é um meio privilegiado para negociar a identidade e o status numa sociedade pós-tradicional.
Agora o status é a conquista do momento. O acesso aos bens é regulado exclusivamente pelo dinheiro e ainda assim significam posição social.
Os bens sempre podem significar identidade mas, nos processos fluidos de uma sociedade pós-tradicional, a identidade parece ser mais uma função do consumo que o contrário, que era a visão tradicional.
No mundo novo, moderno, confiamos nas aparências, mas só no velho mundo é que essas aparências tinham significados confiáveis, eram artigos fixos num código fixo.
Os bens de consumo são fundamentais para nossa forma de construir nossa aparência social, nossas redes sociais e estruturas de valor social.
Bibliografia: Livro: “Cultura do consumo e modernidade” de Don Slater
Slide da apresentação do mesmo livro dado em sala de aula